quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Não será por falta de “estímulo” que...

... a Política de Desenvolvimento da Biotecnologia, lançada no dia 08 pelo presidente Lula, se tornará uma realidade.

É que o documento que detalha essa Política traz uma overdose do verbo “estimular” entre os itens que definem o que será feito nos próximos anos. Mais precisamente, a palavra “estimular” aparece 55 vezes no início de cada objetivo ou diretriz. E principalmente entre os “objetivos específicos”: “estimular o uso de mecanismos”, “estimular a adoção de mecanismos”, e assim por diante, em longos exercícios de imprecisão administrativa.

Nenhum outro verbo aparece tanto. Em segundo lugar vem “promover”, 33 vezes. Depois, “desenvolver”, 27 vezes – este precedendo alguns dos objetivos mais práticos do documento. Em seguida, “criar”, 19 vezes - mas em geral iniciando frases do tipo “criar ambiente”, “criar mecanismos”, etc.

O verbo “apoiar” é enumerado 16 vezes, seguido de verbos como “fomentar”, “fortalecer” e “estabelecer”, 11 vezes cada. “Incentivar”, 10. “Induzir”, 7. Ou seja, vários indicadores de transferência de responsabilidades.

“Investir” aparece somente quatro vezes. “Formar”, algo em tese essencial em algo que se refere à política científica, somente três vezes. Entre os oito ministérios que terão responsabilidades pela Política de Biotecnologia, aliás, o da Educação possui o menor número de itens enumerados, dois. E um deles é genérico: repete-se entre as responsabilidades de todos os demais ministérios:

- Definir e assegurar recursos orçamentários e financeiros para implementação da Política de Desenvolvimento da Biotecnologia, nas áreas que são de sua responsabilidade.

Tradução em bom português: os ministérios e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial precisam agora ir atrás do dinheiro. Enquanto isso, ganham o papel de "estimuladores".

A íntegra do documento está no site do Ministério da Ciência e Tecnologia:
http://agenciact.mct.gov.br/upd_blob/41057.pdf

Brasília, capital das promessas.

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