quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Empresas apostam menos em deputadas

Diógenis Santos/Agência Câmara
Deputadas receberam 30% menos doações de campanha que os homens, mostra matéria publicada esta semana no site da Agência Repórter Social:

"A extrema desproporção entre eleição de homens e mulheres na Câmara tem também uma explicação econômica, conforme levantamento feito pela Agência Repórter Social. As 46 deputadas que tomaram posse no dia 1º de fevereiro receberam 30,1% menos doações de campanha que os homens eleitos.

Elas receberam ao todo R$ 16,5 milhões, contra R$ 243,5 milhões dos deputados. A média entre as mulheres foi de R$ 358.289, bem abaixo da média total, R$ 506.822. A média masculina ficou próxima da média total: R$ 512.413 por deputado

Somente três deputadas receberam mais de R$ 1 milhão dos doadores de campanha, conforme os dados apresentados à Justiça Eleitoral: a paulista novata Janete Pietá (PT), com R$ 1,25 milhão, e as goianas reeleitas Íris Rezende (PMDB) e Raquel Teixeira (PSDB), com R$ 1,38 milhão e R$ 1,081 milhão, respectivamente. Tanto Janete como Íris ganharam projeção na política por serem mulheres de políticos: o ex-governador e prefeito de Goiânia Íris Rezende e o prefeito de Guarulhos, Eloi Pietá.

Apenas outra quatro deputadas tiveram entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão para investir na campanha. São elas: Thelma Pimentel (PSDB-MT) - R$ 899.500; Rita Camata (PMDB-ES) - R$ 724.210; Rose de Freitas (PMDB-ES) – R$ 622.342; e Marinha Raupp (PMDB-RO) – R$ 593.269. A deputada eleita com menos verba foi a fluminense Suely Santana (PFL), com apenas R$ 8.620.

Em seguida vêm a cearense Maria Gorete Pereira (PL), com R$ 36.654, Ângela Portela (PTC-RR), com R$ 69.269, Maria Helena Rodrigues (PTC-RR), com R$ 74.490, e Janete Capiberibe (PSB-AP), com R$ 89.626."

Confira no site da Agência Repórter Social a lista das demais deputadas e quanto elas receberam na campanha. A deputada Luiza Erundina (PSB-SP) fala também sobre o tema.

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A partir desses dados fiz minha coluna de estréia na Netpress, em áudio. Minhas conclusões: "As mulheres são uma aposta secundária das empresas que financiam nossos representantes. Em pleno século 21, há avanços tímidos na questão de gênero: a diferença salarial diminui, já há mais mulheres do que homens na escola... Mas a Câmara ainda não virou o século 20".
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Brasília, capital do machismo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro, Alceu,

Gostei muito do seu boletim gravado para a Netpress. Aliás, em www.netpress.com.br, colocamos link para a demo integral do seu primeiro boletim para todos que quiserem ouvir.

Sobre o conteúdo da coluna, tirei a seguinte conclusão: sem exceção, todos os representantes eleitos foram financiados por alguém que não seu simples eleitor. Democracia da grana.