quarta-feira, 12 de setembro de 2007

"Quem manda é o setor da terra"

O deputado Carlos Santana (PT-RJ) fez um discurso indignado nesta terça-feira, durante audiência pública para debater a regularização das terras quilombolas. Negro, ele disse que a luta pela aprovação do projeto enviado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva é “injusta”, pois no Brasil se pode discutir tudo, “menos raça”.

- Aqui não tem 20 deputados que se assumem como negros.

Segundo ele, há cinco projetos sobre questão racial parados na casa. Um deles trata de indenização para o marinheiro João Cândido. “Votamos a indenização para o Lamarca. Ótimo, ele saiu como general. Mas o João Cândido, até agora, saiu como marginal.

Santana, egresso do movimento sindical, disse que isso só será revertido de uma forma: “Quando colocarmos a massa no meio da rua”.

- A elite branca deste país deve a nós. No dia em que tiver a massa, vamos votar. O parlamento reflete a hipocrisia da sociedade brasileira. Nesta Casa quem manda é a terra. Em qualquer votação tem de negociar com o setor da terra.

O discurso do deputado foi criticado por representantes da bancada ruralista, como Valdir Colatto (PMDB-SC) e João Almeida (PSDB-BA). Para eles, Santana está querendo o “conflito”. “Somos todos irmãos”, afirmou Colatto. “Santana prega a luta racial”.

Almeida disse que não é papel do Estado gerar conflitos, mas mediá-los. “Não gosto do decreto, e ouço discursos que vão além do decreto. Estava preocupado e agora fiquei um pouco mais”.

Texto publicado no site da Agência Repórter Social , que traz mais informações sobre quilombolas.

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