3) O ÍNDIO
Iapirá tem o olhar duro. É um índio kiriri, que foi parar no Rio São Francisco exatamente em busca de água. São 32 famílias, cerca de 130 pessoas. Antes moravam a
Ele tem veia poética, cara à tradição indígena. Para falar do rio, compara a água ao nosso sangue. “Se cortar uma veia nossa e deixar aquela veinha ir esgotando, uma gotinha por hora, uma hora vamos morrer. A mesma coisa é o rio. Tem gente perguntando para quê tanta água ir para o mar, que é uma água perdida. Mas a gente tem conhecimento de que assim o rio vai morrer”.
Iapirá fala com dor. Diz que as comunidades indígenas sentem no próprio corpo as agressões ambientais. “A gente sente como se tivesse sendo massacrado pelo governo, como estamos. Se ele está tirando a vida do rio, não está tirando a vida do rio, e sim a vida de vários seres humanos. A gente fala com segurança e com tanta dor que o próprio governo está matando o povo dele, e com as próprias mãos”.
E fala também da raiva. “Se viesse um elemento lá de fora, entrasse dentro de sua casa, e cortasse um braço de sua mãe, de seu pai, ia ficar satisfeito?”, pergunta – com a voz mais aguda, emocionado. “A mesma coisa é estarem exterminando e cortando o rio. Para matar, para morrer o rio, essas são as intenções desse povo branco, que aí está com essa ganância, esse orgulho, esse poder econômico. Por isso que falo com raiva, porque está matando o pai e a mãe desse povo que mora na beira do rio.”
Um comentário:
Índio mesmo? Que negócio é esse de "Divina Providência"?
Acho que os próprios índios estão morrendo com o rio...
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