sexta-feira, 13 de julho de 2007

Crianças: prioridade orçamentária?

A Andi promoveu ontem a cerimônia de titulação dos 20 novos Jornalistas Amigos da Criança. Estou muito feliz por estar entre os escolhidos. Há quem tenha batalhado duro para ganhar essa homenagem. Segue a reportagem publicada no site da Agência Repórter Social:

"Representantes de duas organizações preocupadas com a cobertura jornalística dos temas infância e adolescência cobraram nesta quinta-feira em Brasília mais atenção às questões orçamentárias. A preocupação apareceu tanto na fala do representante adjunto do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Manuel Rojas Buvinich, como na de Âmbar de Barros, conselheira e uma das fundadoras da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi).

A cerimônia premiou mais 20 Jornalistas Amigos da Criança, escolhidos pela Andi em 13 Estados brasileiros. No total, são agora 346 jornalistas premiados desde 1997, por seu comprometimento com os temas da área social, em especial aqueles relacionados à infância e adolescência.

“Um dos desafios aos Jornalistas Amigos da Criança é acompanhar o orçamento”, afirmou Buvinich. Ele disse que deve se chegar a uma cultura de acompanhamento orçamentário que questione os resultados das políticas públicas para a área da infância. “E a partir daí exigir dos políticos”, adicionou.

Buvinich também reivindicou dos jornalistas mais acompanhamento do desenrolar das denúncias. Citou o exemplo de casos de exploração sexual infanto-juvenil para observar que, muitas vezes, as reportagens são feitas de modo muito solto. “Denunciamos a situação de violação de direitos, vêm as declarações, mas não há continuidade”, afirmou. “Se houve violação, qual a política, qual sua sustentabilidade, qual o impacto?”

Âmbar de Barros, que começa nesta segunda-feira a trabalhar na TV Cultura, em São Paulo, criticou a atual formação dos jovens jornalistas para ressaltar a responsabilidade formativa dos Jornalistas Amigos da Criança, em suas redações. Ela concordou com as proposições de Buvinich. “O político prometeu, o projeto foi aprovado, quanto custou isso? E é preciso acompanhar o orçamento executado, nossos orçamentos muitas vezes são fictícios, botam lá o investimento e não liberam os recursos”.

Para auxiliar os profissionais nessa cobertura orçamentária, o evento teve uma oficina com Gil Castello Branco, da ONG Contas Abertas, com dicas de pautas a partir dos dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).

Jacqueline Lopes, repórter do jornal O Estado do Mato Grosso do Sul, fez o discurso mais emocionado entre os 20 jornalistas premiados. Ela chorou ao lembrar que seus avós foram vítimas de trabalho infantil, e que sua família lutou para que não seguisse o mesmo caminho.

A fala de Edisvânio Nascimento tocou numa ferida do governo federal. Radialista comunitário da Santa Luz FM, na região sisaleira da Bahia, ele contou que tenta há nove anos obter a autorização para a rádio, voltada para os direitos das crianças e dos adolescentes na região – conhecido pólo de trabalho infantil. Ele já foi processado e um de seus colegas chegou a ser condenado por conta da rádio comunitária".

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