Em um país carente do exercício de cidadania, manifestações assim deveriam estar na primeira página dos jornais. A mesma imprensa que aponta as pontas do iceberg da violência deveria estar mais atenta aos clamores da sociedade organizada - que convive com os problemas sociais e ambientais em suas origens. Não se trata de concordar com as reivindicações, mas do dever cívico de divulgá-las.
Se o Brasil vive um conflito aberto entre civilização e barbárie, os 18 ônibus com defensores do Velho Chico, acampandos próximos da Torre de TV, representam a civilização. A dona Josefa da Guia (foto), parteira de mais de 5 mil numa comunidade quilombola, o Toinho Pescador, líder de seu segmento e poeta, o aposentado Antônio Jackson, organizador do primeiro museu sobre o Rio São Francisco, estão lá - e precisam ser ouvidos. Inclusive pela chefia do Executivo.
Uma verdadeira capital deveria ter bem mais presença popular. Quando o povo se desloca milhares de quilômetros, com todas as dificuldades, e se abriga em um sol implacável como o destes dias em Brasília, merece respeito. Não pode ser escanteado ou tratado como coadjuvante. Deve ser reverenciado, como protagonista maior da nação. Caso isso não aconteça, o grito acabará sendo ouvido de outras formas.
Brasília, sim - capital do Brasil.
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