terça-feira, 21 de agosto de 2007

2009 deve ter Congresso de Anistiados

Luiz Eduardo Greenhalg fez um discurso histórico nesta quinta-feira, na Câmara dos Deputados.

De volta à casa pela primeira vez desde 1º de fevereiro, quando deixou de ser deputado, ele foi um dos últimos a falar durante o 1º Seminário Nacional dos Anistiados e Anistiandos do Brasil. Criticou os governos de um modo geral. Disse que Lula está perdendo a chance de entrar para a história como um estadista, abrindo os arquivos da ditadura. E propôs a realização de um Congresso que se proponha a contar uma história que os governos estão sonegando.

Advogado de presos políticos, Greenhalg propôs ainda a realização de um congresso paralelo a esse de ex-presos políticos, que reúna os advogados especificamente para que eles levem o material de seus clientes e contribuam para esse resgate histórico. Uma reunião no dia 13 de setembro deve definir o cronograma para os dois congressos, inclusive o mês em que será realizado o evento de protesto – e em comemoração aos 30 anos da Anistia no Brasil.

O ex-deputado petista começou falando do movimento Cansei.

- Independente dos objetivos do movimento, se tem alguém que tinha direito de dizer “cansei”, ou “cansamos”, são os anistiados brasileiros que desde 1979 vêm atrás da reparação. Mas os lutadores do povo não se cansam.

Ele criticou os “torturadores do Doi-Codi” que “vivem tentando lançar ignonímias, calúnias, difamações, sem colocar a cara na frente”. “Fazem como nos outros tempos, no Doi-Codi, onde as pessoas eram encapuzadas. Fazem ostentando nomes fictícios”.

- Estamos há quase 30 anos e não resolvemos a questão dos desaparecidos, dos mortos e dos anistiados. Os governos – todos -, os de hoje e os de ontem, os magistrados – todos, do Supremo e da Justiça de um modo geral têm que entender que a verdade e a justiça não podem ser retardadas.

Sob aplausos, Greenhalg seguiu com a voz embargada, com sua oratória de advogado aparentemente afetada, de fato, pelo envolvimento com a causa:- Não vai acabar a luta pela abertura dos arquivos. Tem decisão judicial mandando abrir os arquivos do Araguaia, e não se abre. (Ergue a voz.)

- O governo que quiser se inscrever indelevelmente na história do Brasil deve fazer uma força e abrir os arquivos, para que a gente saiba a verdade. “Ah, não está na pauta, Greenhalg”, é o que me dizem.

- Cadê os corpos dos desaparecidos? Quem os matou?O tom do advogado foi ficando cada vez mais emocionado.- Não adianta esconder os torturadores. Não adianta mandar para embaixadas de outros países. Sabemos o que eles fizeram conosco. Com nossos companheiros, com nossos filhos, com nossas mulheres.

- Não é vingança. Isto é justiça, isto é verdade, é compromisso de todos nós.

Após aplausos e uma pausa, Greenhalg retomou o discurso.

- Nosso coração é cheio de mágoas. Precisamos de quatro leis de anistia, e nenhuma delas foi cumprida integralmente. Mas não nos cansamos. Tenho mágoas – pelo que as calúnias veiculam na internet sobre mim. E fez a proposta histórica:

- 2009. Vamos marcar esssa data como limite máximo para abrirem os arquivos. Se não abrirem, vamos fazer um congresso nacional de todos os presos na ditadura. Vamos reconstruir a história, e fazer o nosso arquivo da verdade.

- Vamos também fazer o congresso dos advogados dos presos políticos, e abrir esses arquivos dos advogados, que são uma parte da verdade que querem ocultar.- Este seminário é um embrião do congresso de 2009. Com calma. Vamos nos juntar. Uma coisa que sempre atrapalhou foi a diferença entre nós. Temos que ter unidade para enfrentar os torturadores, o subterrâneo, os porões.

(publicado no site da Agência Repórter Social)

3 comentários:

Chi Qo disse...

2009... Faz muito tempo que aconteceu e tem gente que só ouviu falar da Ditadura.
Tem gente que desdenha como se não tivesse sido nada. A juventude de hoje não lê e não se importa com o passado.
É preciso recuperar o que sobrou dos arquivos antes que botem fogo ou virem lixo.

Anônimo disse...

É urgente a bertura doa arquivos do período militar não podemos continuar com a sujeira debaixo do tapete, os filhotes dos torturadores continuam livres e temos que mostrar para sociedades quem são democracia exige a verdade exposta doa a quem doer

Anônimo disse...

É urgente a abertura dos arquivos referente a ditadura de 1964 não podemos conviver com uma democracia que esconde para debaixo do tapete algo que envergonha nossa história, recente