terça-feira, 26 de junho de 2007

Câmara do Evangelho Quadrangular

Acusado de ser o mandante do assassinato de um colega, o deputado mineiro Mário de Oliveira (PSC) viajou pelo menos três vezes pela Câmara para encontros da Igreja do Evangelho Quadrangular. Ele preside a igreja desde 1998. Os dados contam do perfil oficial do deputado, no site da própria Câmara.

Duas dessas viagens foram para os Estados Unidos. Uma delas para a Flórida, em 1998, para a Convenção Internacional da Igreja do Evangelho Quadrangular. A viagem aparece como “missão oficial”, e Oliveira desponta como “representante da Câmara dos Deputados”.

A outra viagem internacional foi para o Havaí, em 2000. Desta vez Oliveira aparece como “participante” da Internacional Foursquare Convention, o mesmo nome em inglês para Convenção Internacional da Igreja do Evangelho Quadrangular.

Uma das viagens foi caseira, para São Paulo. Em 2000, Oliveira participou, também como “representante da Câmara dos Deputados”, da 44ª Convenção Nacional da Igreja do Evangelho Quadrangular.

O deputado tem em seu perfil o registro de apenas mais duas missões oficiais, para São Paulo e Minas Gerais, em 2000 e 2001, para “compromissos político-partidários”, mas não há especificação de quais foram esses compromissos.

Interesses político-eleitorais da igreja seriam exatamente o motivo das desavenças entre Oliveira e o deputado Carlos Willian, do PTC de Minas. Willian é ex-dirigente da Igreja do Evangelho Quadrangular. Sua candidatura foi lançada por Oliveira apenas para fazer número, mas, eleito, ele passou a ser considerado um traidor pelo antigo padrinho político.

Segundo a polícia civil de São Paulo, o assassinato seria cometido por um pistoleiro chamado Alemão. Um intermediário para a contratação do pistoleiro, Odair Silva, colaborador da Igreja do Evangelho Quadrangular, apontou Oliveira como o mandante do crime.

Em 2003, a então ministra Benedita da Silva, da Assistência e Promoção Social, viajou a Buenos Aires para participar de um encontro evangélico. Após a divulgação das viagens, ela tirou R$ 4.676,38 do próprio bolso para pagar as passagens.

(Reportagem produzida para a Associação Paulista de Jornais)

domingo, 10 de junho de 2007

Amigos, inimigos e indiferentes

A exploração sexual de crianças e adolescentes deveria ser um dos grandes temas nacionais. Na mídia e na política. Não é. Especialistas falam que na raiz do problema está um certo "pacto do silêncio". Até que ponto cada cidadão faz parte desse pacto?

Confira artigo meu sobre o tema no site da Agência Repórter Social.

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A Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) divulgou os 20 profissionais que receberão, no dia 12 de julho, o título de Jornalistas Amigos da Criança. Estou entre eles.

Desde 2003, o título é dado a cada dois anos. Fico feliz pelo reconhecimento não só de meu trabalho, mas o da Agência Repórter Social.

Acho sintomático que, entre os quatro jornalistas de São Paulo (fui homenageado ainda pelo trabalho feito em SP, e não Brasília), apenas uma seja do mainstream, a repórter do "Estadão". Meu ex-professor Sérgio Gomes, da Oboré, e Adalberto Marcondes, da Envolverde, completam o quarteto.

O recado da Andi é claro: nem tudo hoje passa pela chamada grande imprensa.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Na Funai, a percepção do descaso

Em entrevista à Agência Repórter Social, o presidente da Funai diz que está impressionado com o quanto a sociedade brasileira ignora a história, a cultura e os direitos indígenas.

O paraense Márcio Meira está há dois meses no cargo. Substituiu o polêmico Mércio Rodrigues. Deixa escapar que não recebeu orientação específica do ministro Tarso Genro a respeito da polêmica envolvendo a empresa Aracruz - em disputa por terras com povos indígenas.

Ele diz que houve apenas uma orientação geral de Tarso e do presidente Lula a respeito da continuidade das homologações. É pouco. Lula não fez nada para os povos indígenas nos primeiros quatro anos (como ele mesmo admitiu), e a hora da virada já passou.